PARA TODOS OS ÓRGÃOS QUE POR VEZES "EU" NÃO TENHO
ESTREIA: 2023
Se é em movimento que podemos, supostamente, desorganizar o corpo a ponto de voltarmos ao momento em que tudo está misturado, em que ainda não se definiram os limites entre uma coisa ou outra, entre um órgão e outro, será também em movimento que poderemos homenagear um ou outro órgão. Mas isso não significa que os órgãos mereçam homenagens… "Para todos os órgãos [...]" busca exercitar um conceito que por vezes é revisitado na pesquisa em artes, teatro ou dança, que tem sua intitulação com o poeta francês Antonin Artaud em 1947 e desenvolvimento filosófico com Gilles Deleuze e Félix Guattari, também franceses, a partir de 1972. Trata-se do “corpo sem órgãos”, uma espécie de experiência de corpo e de vida que se realiza fora das determinações hegemônicas e totalizadoras, o que precisamente significa que estará sempre em relação com estas determinações.
Passado tanto tempo, também em outro lugar e com outras forças envolvidas em nossas vidas, talvez valha revisitar o conceito, bem como se apropriar dele para lidar com a dança, experimentando também a ironia que pode ser habitada por aqui. A impraticabilidade do corpo sem órgãos pode ser dançada: ao invés de festejar um corpo fora do biopoder, improvisar alguns movimentos, algumas respirações e algum tempo nos estratos que precisamente definem nossas fragilidades e forças.
FICHA TÉCNICA:
CONCEPÇÃO E PERFORMANCE: Tadzio Veiga
MÚSICA-PRÓLOGO: ViniTheKid com as vozes e ruídos de Antonin Artaud
PRIMEIRO DESENHO DE LUZ E OPERAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO: Giorgia Tolaini
SEGUNDO DESENHO DE LUZ E OPERAÇÃO FORA DO ESTADO DE SÃO PAULO: Jaqueline Chagas
FOTOS DAS APRESENTAÇÕES: Amanda Ellen, Elias Silva, Gustavo Maia e Julia Ribeiro
AGRADECIMENTOS: Performers do Teatro da Matilha que de alguma forma e de todas elas emprestaram seus corpos para essa dança surgir - Carol Gás, Giorgia Cirenza, Giorgia Tolaini, Iacê Andrade, Mariê Olops, Rodrigo Lopes e Shi Menegat, Anticorpos Investigações em Dança, Éden Peretta, Marcia Veiga e Wilson Julião.
HISTÓRICO:
"Para todos os órgãos que por vezes 'eu' não tenho" surge como um exercício prático paralelo a uma pesquisa de mestrado em Artes da Cena que tem um recorte teórico envolvido com os acontecimentos de corpo e como principal conceito de investigação o "corpo sem órgãos" ou "CsO". Também por isso, tem sua estreia na cidade de Ouro Preto, local onde Tadzio realiza o mestrado. "Para todos os órgãos [...]", além da estreia no Festival de Inverno de Ouro Preto em julho de 2023, foi apresentado na FUNARTE de Belo Horizonte dentro da Ocupação da Anticorpos em janeiro de 2024 e na cidade de Rio Branco, no Acre, no Sesc Centro, em abril de 2024.